sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A EXPERIÊNCIA TEATRAL DO GRUPO DE PROFESSORAS DA UMEI ALAÍDE LISBOA




  


Bastou um grupo de professoras se unirem em prol do teatro com a intenção de propiciar aos alunos momentos de distração e alegria que surgiu a montagem Dona Baratinha. Os alunos encantados com a magia do teatro logo se debruçaram na re-montagem da peça, mas agora  com muitos animais e pedidos de casamento.      





         A capacidade para a transformação, para a incorporação da cultura compartilhada, o dom para ler a vida de modo imaginativo, tudo isso 
aproxima fortemente o modo de ser da criança pequena das maneiras de encenação contemporâneas. (MACHADO, 2010b, p.118)




"A criança pequena tem, potencialmente, em seus modos de ser e estar, uma imensa capacidade de se permitir envolver inteira e sensivelmente com o mundo. . Para ela  não há distinção, descolamento entre  “corpo-outro e corpo-mundo” (MACHADO, 2010b, p.125). Ela está no mundo assim como o mundo está nela. É preciso antes de tudo pensar que a criança pequena não está enclausurada em um mundo infantil, ela “compartilha o mesmo mundo do adulto: vê, percebe, vive o mundo em sua própria perspectiva, sim, mas nunca ensimesmada ou reclusa em um mundo da criança” (MACHADO, 2010b, p.117). Essa maneira particular de apreender o mundo, este do qual ela se reconhece como parte integrante e integrada, reside em seu desejo e disponibilidade para, de fato, vivê-lo. Isso nos leva, ao encontro da “noção merleau-pontiana de que a criança é  não representacional, ela não „representa o mundo‟, não possui distanciamento para fazê-lo” (MACHADO, 2010a, p.72)" (Gabriella Jorge Lavinas)


                              Peça Teatral “Dona Baratinha”

Adaptação da professora Evangely Albertini


Sapo: Vou começar uma história que nasceu dentro de outra história... Vou dar uma dica é uma história de amor... tem uma Baratinha e um monte de animaizinhos... Quem sabe qual é o nome dela?  Vocês acertaram! Eba! Então prestem atenção...

...Era uma vez uma Baratinha que morava numa casinha muito formosa, enfeitada com quatro flores e uma linda árvore. Um dia, a Baratinha estava varrendo a sala de sua casa, quando, de repente, encontrou uma moedinha no chão.

Dona Baratinha: Oba, minhas plantinhas! Eu fiquei rica e já posso me casar!

Sapo: Este era o maior sonho da Dona Baratinha, ela queria muito fazer tudo como tinha visto na televisão.

Tartaruga: Então, ela foi correndo até a lojinha e comprou uma linda fita vermelha, colocou no cabelo, guardou o que havia sobrado na caixinha e foi para a janela cantar.

Dona Baratinha: Quem quer se casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?

Sapo: Suas plantinhas, que gracinha, estavam tão felizes... Naquele dia, o sol estava tão forte! Não tinha nem uma brisazinha para refrescar... Enquanto Dona Baratinha aguava suas plantinhas, olha lá... quem vem lá? O ratinho faceiro.

Rato: Boa tarde? (Espera a plateia responder.) Eu estava passando por ali e fiquei imaginando o grande tesouro que a Baratinha devia ter encontrado para cantar assim tão feliz.

Sapo: Que Ratão danado. Ele disfarçou seu interesse. Fez que não estava muito interessado na bela baratinha. Jogou uma bolinha para cima. Deu uma “dançadinha” e tentou muito chamar sua atenção.

Dona Baratinha: (Com um pouco de receio.) Eu quero! Eu quero! Mas com você não!!! Não, não quero você, não!!! 

Sapo: Dona Baratinha se arruma e volta a cantar sua música. Enquanto canta ela nem ouviu o ratinho sair todo choroso.

Sapo: Em seguida, chegou o cachorrinho, tão bonitinho, com seu latido de filhotinho, e foi logo dizendo...

Cachorrinho: Eu quero! Au! Au! Eu quero! Au! Au!

Sapo: Dona Baratinha distraída se assusta com aquele cachorrinho.

Dona Baratinha: Não, não, não, não quero você não!

 Sapo: O cachorrinho ficou esperando cheio de expectativas, fazendo até festinha, latindo, pulando muito...

Dona Baratinha: Chega! Sentado! Da a patinha! Finge de morto! Agora pra casinha!!!! Rápido!!! Rápido!!! (O cachorro sai latindo assustado)

Cachorro: Caim, caim, caim...

Sapo: Cachorro é muito bonzinho, mas ela não o quis não.

Dona Baratinha: Quem quer se casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha.

Sapo: No meio das crianças surge mais um animal o Pica pau.

Dona Baratinha: Quem quer se casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?

Pica Pau: Piu, piu, piu!!! Piu … piuuuuuuu! Fiu... fiuuuu!!! Olá, Dona Baratinha?

Dona Baratinha: O que você quer?

Pica Pau: Ué!? Você não está aí a cantarolar … Eu também preciso de cantar... quero dizer, de casar, quem sabe a gente em.... em.... se casa?
Dona Baratinha: Que nada!!!! Vê lá se eu vou me casar com alguém que acorda cantando e todo dia vai piar no quintal dos outros!
Sapo: O Pica Pau arrumou suas plumas e saiu voando alegre e cantador como se nada tivesse acontecido.  Só que o ratinho logo, logo voltou e pensou alto: “Agora é minha vez!” (Com as mãos escondidas, ele pergunta à Baratinha.)
Ratão:  Adivinha o que eu trouxe para você???
Baratinha: (Sem nenhum interesse.) O que você trouxe para mim?
Ratão: Adivinha! Vai! É vermelha! Docinha! Presente da natureza...
Baratinha: Uma ... (Público ajuda.)
Ratão: Uma linda maçã, até parece com você!
Baratinha: Obrigada! Xô, xô, xô...
Sapo: E Lá se vai o ratão! E pelo mesmo caminho lá vem outro pretendente e ela sempre a cantarolar. Quem quer se casaaaaaarrrrrr...

Tucano: Eu quero! (Voando próximo à platéia.) Eu quero! Eu quero!

Dona Baratinha: (Finge que não está vendo e começa a pensar alto.) Que bicho esquisito! Que bico esquisito! Quem é você? Eu não te conheço! Você é dessa história mesmo?

Tucano: (Todo atiradinho.) Qualé, madame? Eu sou o Tucano! Eu estou até no cinema!
Vê lá! A madame é um luxoooooooo! Uma finesaaaaaaaaa! E eu vim aqui te perguntar se você quer se casar?
Dona Baratinha: Com você? Não! Prefiro um bicho mais colorido. Xô, xô, xô...
Tucano: Não! Então tá! 
Sapo: Olha lá... quem vem lá... o gato, ou melhor, o Gato de Botas...
Gato:Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás”.
Dona Baratinha: Quem é você mesmo?
Gato: Dona, eu sou o Gato de Botas!
Dona Baratinha: Sei e daí?
Gato: Eu sou fofo, peludo.
Dona Braratinha: Atchim... Eu odeio pelos! Eu odeio gatos!
Gato: Você não sabe o que está perdendo!
Sapo: E Dona Baratinha pensou alto de novo...
Dona Braratinha: Vê lá se eu vou me casar com um gato de botas!
Sapo: Cá prá nós... Eu acho que essa baratinha é muito exigente! Mas cada bicho esquisito! Só de ver, já dá para imaginar...  Piu... Piu... Piuuu... Madame! Madame! Au, Au, Au... Tucano artista de cinema, Ratão convencido a conquistador e agora o Gato de Botas... Que dia diferente! Sem perceber, ele acabou dormindo na janela sonhando com seu bicho encantador... 
Galo: Cocoricó! Cocoriocó! Eu sou é mesmo é atleticamentemente um cavalheiro.
Sapo: Esse é o Galo! Aquele engraçadinho que anda ciscando no quintal da UMEI. (Ele dá uma baforada na mão e uma ajeitadinha na crista).
Dona Baratinha: (Finge que ainda está dormindo e assusta com aquela cantoria danada.)

Sapo: Com medo daquele bicho ciscador, ela se escondeu atrás do cenário e disse.

Dona Baratinha: Ei, você aí, quem é você?

Galo: Cocoricó! Cocoriocó! Eu sou é mesmo é atleticamentemente um cavalheiro. Eu fiz muito barulho e acabei acordando você?
Dona Baratinha: Seu galo atleticano! (Com raiva responde.) Agora eu já acordei. Aqui já vou te falando não vai dar certo... Eu sou mesmo é cruzeirense e pronto! Falei! E outra, eu adoro dormir até mais tarde, então pode procurar outro poleiro para você ficar! Xô, xô, xô...
Sapo: Ela toda animadinha volta a cantar...

Dona Baratinha: Quem quer se casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?

Sapo: No meio do pessoal olha o rei dos animais!
Leão: Eu sou o rei da floresta! E você? Quer participar do meu reinado! (Risos)
Dona Baratinha: (Ela fica animadinha.) Você podia mostrar como você é... Nossa, eu rainha!
Leão: Eu sou o REI, como REI, posso ter quantas esposas eu quiser!
Dona Baratinha: Não, não, não, você, eu quero não, você é um folgadão! Vê lá ... eu e mais 10!!!!
Sapo: E lá se vai o Leão. Todo bonitão! Desfilando! (Mostrando as garras e miando). E Ratão todo arrumadinho vem de novo fazer um gracinha para querida Baratinha.
Ratão: (Pensou novamente.) Agora é a minha vez!!!! Recita uma musiquinha “se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu manda ladrilhar com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante para o meu, para meu amor passar...
Sapo: Dona Baratinha ficou até apaixonadinha com o Ratão, mas quando viu a fila de animais, esqueceu da musiquinha e quis conhecer todos aqueles animaizinhos que vieram cortejá-la.
Sapo: Veio o Coelho, fez gracinha e aquela perguntinha...
Coelho: Quer se casar comigo?
Dona Baratinha: Não!
Sapo: O Elefante elegante!
Elefante: Oi, eu sou o Elefante. Você quer se casar comigo?
Dona Baratinha: Não!
Sapo: O Tigre gatíssimo!
Tigre: Ei, Baratinha, repita comigo: Tinha três tigres no meio do trigo! Ou então repita comigo, tinham três tigres para três pratos de trigo.
Dona Baratinha: (Ela tenta, mas não consegue.) Não! Xô, xô, xô...
Peru: Glugluglu...
Dona Baratinha: E você quem é?
Peru: Eu sou o Peru! Quer se casar comigo?
Dona Baratinha: Não! Peru não!
Sapo: Dona Baratinha parecia meio estressadinha, então sua amiguinha abelhinha veio logo trazendo um delicioso suco de laranja com mel...

Abelhinha: Baratinha, você quer uma suquinho de laranja com mel?

Dona Baratinha: Obrigada, minha amiguinha Abelhinha!
Abelhinha: Você quer se casar comigo?
Dona Baratinha: Não. 
Sapo: Ela já nem pensava direito e já respondia... cansada daquela multidão de animais que apareceram em sua porta... E todos um a um iam fazendo sua perguntinha.
Borboleta: Eu sou a Borboleta mais linda desta escola. Quer se casar comigo?
Baratinha: Não
Joaninha: Eu sou a Joaninha mais fofa desta universidade toda! Quer se casar comigo?
Baratinha: Quer se casar comigo? Quer se casar comigo? Não.
Pavão: Eu sou o Pavão mais lindo do mundão!
Baratinha: Você é lindo... Gostei das suas penas! Mas não quero você não! Xô, xô, xô...
Pavão: É... Ela gostou das minhas penas, mas não gostou de mim.
Sapo: Mais que bicharada!!!!!!!!!!!
Gambá: Eu sou o Gambá! Quer se casar comigo?
Dona Baratinha: Não.
Sapo: Antes de sair que fummm... que fedo...Espera aí, seu Macaco...  O Macaco, o
Papagaio, o Calopsita que estavam cansados daquela fogosa Baratinha aprontaram
até... (Começam a bagunça, pegam o boné de um menino, anda no meio da platéia... e
outros entram na farra também.)
Dona Baratinha: SILÊNCIO! Ei, vocês são muito levados!
Sapo: O Macaco, o Papagaio, o Calopsita gritaram em coro.
Macaco, Papagaio, Calopsita: Quer se casar comigo?
Dona Baratinha: ADINHINHA? (Bate o pezinho, chama as florzinhas em coro e grita.
Dona Baratinha: NÃO!
Sapo: Dona Baratinha vê a vassoura, corre atrás da bicharada, espanta a todos. Xô!!!
Todos vocês!!!!! (Sozinha ela canta toda chorosa.)
Dona Baratinha:Quem quer se casar com...
Sapo: A todos, Dona Baratinha disse não, ela não aguentava barulho, bicho folgado, piador, ciscador, bicho rei e bicho levado. Coitadinha da Dona Baratinha, tantos bichos e ela só se lembrava de um... Será que é aquele bonitão?
Dona Baratinha: Quem quer se casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
Ratão: Grrriiiiii! (Todo esperançoso no canto do palco com um buquê de flores.)
Ratão: Eu quero! Eu quero!
Dona Baratinha: Ah! Achei alguém! É tão bonitinho! Poeta! Amoroso! Me deu uma maçã! Sim, eu aceito!
Ratão: Ufa! Enfim, podemos nos casar!!!!!! (As flores e árvores enfeitam a noiva e arrumam o noivo.)
Sapo: Então, ela preparou a festa de casamento mais bonita. Convidou a todos os animais. Comprou um lindo vestido, enfeites e mandou fazer uma deliciosa feijoada.  Essa era a parte da festa que o Ratinho mais esperava... a comida. (Uma árvore prepara o feijão, finge que está provando.)
Ratão: Oh! Que cheiro maravilhoso de feijão, de feijoada, que cozinha nesta panela!
Sapo: Aquele cheiro deixava o Ratinho quase louco de fome. Ele esperava, esperava, e nada de chegar a hora de comer. Já estava ficando verde de fome! Quando o cozinheiro saiu um pouquinho de dentro da cozinha, o Ratinho não aguentou. (Ele pensou.)
Ratão: Vou dar só uma provadinha na beirada da panela, pegar só um pedacinho de carne e um pouquinho de feijão e ninguém vai notar nada...
Sapo: Que bobo! A panela de feijão quente era muito perigosa, e o Ratinho guloso não devia ter subido lá. Eleeeeee quase caiuuuuuuuuu dentro da panela de feijão. A Baratinha, mais que depressa, correu e pegou seu noivo e lascou aquele beijo em seu rosto.
Dona Baratinha: Que nada... vê lá se eu ia deixar essa história terminar assim...
Ratão: Ufa... quase... ainda bem nosso história não acaba daquele jeito... da panela de feijão... Sapo: Nossa história é muito melhor, acaba em festa!!!!   
Todos cantam: Quem quer se casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?                               FIM


 AGOS/2011