Bastou um grupo de professoras se unirem em prol do teatro com a intenção de propiciar aos alunos momentos de distração e alegria que surgiu a montagem Dona Baratinha. Os alunos encantados com a magia do teatro logo se debruçaram na re-montagem da peça, mas agora com muitos animais e pedidos de casamento.
A capacidade para a transformação, para a incorporação da cultura compartilhada, o dom para ler a vida de modo imaginativo, tudo isso
aproxima fortemente o modo de ser da criança pequena das maneiras de encenação contemporâneas. (MACHADO, 2010b, p.118)
"A criança pequena tem, potencialmente, em seus modos de ser e estar, uma imensa capacidade de se permitir envolver inteira e sensivelmente com o mundo. . Para ela não há distinção, descolamento entre “corpo-outro e corpo-mundo” (MACHADO, 2010b, p.125). Ela está no mundo assim como o mundo está nela. É preciso antes de tudo pensar que a criança pequena não está enclausurada em um mundo infantil, ela “compartilha o mesmo mundo do adulto: vê, percebe, vive o mundo em sua própria perspectiva, sim, mas nunca ensimesmada ou reclusa em um mundo da criança” (MACHADO, 2010b, p.117). Essa maneira particular de apreender o mundo, este do qual ela se reconhece como parte integrante e integrada, reside em seu desejo e disponibilidade para, de fato, vivê-lo. Isso nos leva, ao encontro da “noção merleau-pontiana de que a criança é não representacional, ela não „representa o mundo‟, não possui distanciamento para fazê-lo” (MACHADO, 2010a, p.72)" (Gabriella Jorge Lavinas)
Adaptação da professora Evangely Albertini
Sapo: Vou começar uma história que nasceu dentro de outra
história... Vou dar uma dica é uma história de amor... tem uma Baratinha e um
monte de animaizinhos... Quem sabe qual é o nome dela? Vocês acertaram! Eba! Então prestem
atenção...
...Era
uma vez uma Baratinha que morava numa casinha muito formosa, enfeitada com
quatro flores e uma linda árvore. Um dia, a Baratinha estava varrendo a sala de
sua casa, quando, de repente, encontrou uma moedinha no chão.
Dona Baratinha: Oba, minhas plantinhas! Eu fiquei rica e já posso me
casar!
Sapo: Este era o maior sonho da Dona Baratinha, ela queria muito
fazer tudo como tinha visto na televisão.
Tartaruga: Então, ela foi correndo até a lojinha e comprou uma linda
fita vermelha, colocou no cabelo, guardou o que havia sobrado na caixinha e foi
para a janela cantar.
Dona Baratinha: Quem quer se casar com a Dona Baratinha, que tem fita no
cabelo e dinheiro na caixinha?
Sapo: Suas plantinhas, que gracinha, estavam tão felizes...
Naquele dia, o sol estava tão forte! Não tinha nem uma brisazinha para
refrescar... Enquanto Dona Baratinha aguava suas plantinhas, olha lá... quem
vem lá? O ratinho faceiro.
Rato: Boa tarde? (Espera a plateia responder.) Eu estava
passando por ali e fiquei imaginando o grande tesouro que a Baratinha devia ter
encontrado para cantar assim tão feliz.
Sapo: Que Ratão danado. Ele disfarçou seu interesse. Fez que não
estava muito interessado na bela baratinha. Jogou uma bolinha para cima. Deu
uma “dançadinha” e tentou muito chamar sua atenção.
Dona Baratinha: (Com um pouco de receio.) Eu quero! Eu quero! Mas com você
não!!! Não, não quero você, não!!!
Sapo: Dona Baratinha se arruma e volta a cantar sua música.
Enquanto canta ela nem ouviu o ratinho sair todo choroso.
Sapo: Em seguida, chegou o cachorrinho, tão bonitinho, com seu
latido de filhotinho, e foi logo dizendo...
Cachorrinho: Eu quero! Au! Au! Eu quero! Au! Au!
Sapo: Dona Baratinha distraída se assusta com aquele
cachorrinho.
Dona Baratinha: Não, não, não, não quero você não!
Sapo: O cachorrinho ficou esperando cheio de expectativas,
fazendo até festinha, latindo, pulando muito...
Dona Baratinha: Chega! Sentado! Da a patinha! Finge de morto! Agora pra
casinha!!!! Rápido!!! Rápido!!! (O cachorro sai latindo assustado)
Cachorro: Caim, caim, caim...
Sapo:
Cachorro é muito bonzinho, mas ela não o quis não.
Dona Baratinha: Quem quer se casar com a Dona Baratinha, que tem fita no
cabelo e dinheiro na caixinha.
Sapo: No meio das crianças surge mais um animal o Pica pau.
Dona Baratinha: Quem quer se casar com a Dona Baratinha, que tem fita no
cabelo e dinheiro na caixinha?
Pica
Pau: Piu, piu, piu!!! Piu … piuuuuuuu! Fiu...
fiuuuu!!! Olá, Dona Baratinha?
Dona Baratinha: O que você quer?
Pica
Pau: Ué!? Você não está aí a cantarolar … Eu
também preciso de cantar... quero dizer, de casar, quem sabe a gente em....
em.... se casa?
Dona
Baratinha: Que nada!!!! Vê lá se eu vou me casar com
alguém que acorda cantando e todo dia vai piar no quintal dos outros!
Sapo:
O Pica Pau arrumou suas plumas e saiu voando alegre e cantador como se nada
tivesse acontecido. Só que o ratinho
logo, logo voltou e pensou alto: “Agora é minha vez!” (Com as mãos escondidas,
ele pergunta à Baratinha.)
Ratão: Adivinha o que eu trouxe para você???
Baratinha:
(Sem nenhum interesse.) O que você trouxe para mim?
Ratão:
Adivinha! Vai! É vermelha! Docinha! Presente da natureza...
Baratinha:
Uma ... (Público ajuda.)
Ratão:
Uma linda maçã, até parece com você!
Baratinha:
Obrigada! Xô, xô, xô...
Sapo:
E Lá se vai o ratão! E pelo mesmo caminho lá vem outro pretendente e ela sempre
a cantarolar. Quem quer se casaaaaaarrrrrr...
Tucano: Eu quero! (Voando próximo à platéia.) Eu quero! Eu quero!
Dona Baratinha: (Finge que não está vendo e começa a pensar alto.) Que
bicho esquisito! Que bico esquisito! Quem é você? Eu não te conheço! Você é
dessa história mesmo?
Tucano:
(Todo atiradinho.) Qualé, madame? Eu sou o Tucano! Eu estou até no cinema!
Vê lá! A madame é um luxoooooooo! Uma
finesaaaaaaaaa! E eu vim aqui te perguntar se você quer se casar?
Dona
Baratinha: Com você? Não! Prefiro um bicho mais
colorido. Xô, xô, xô...
Tucano:
Não! Então tá!
Sapo:
Olha lá... quem vem lá... o gato, ou melhor, o Gato de
Botas...
Gato:
“Nós, gatos, já
nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás”.
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás”.
Dona
Baratinha: Quem é você mesmo?
Gato:
Dona, eu sou o Gato de Botas!
Dona
Baratinha: Sei e daí?
Gato:
Eu sou fofo, peludo.
Dona
Braratinha: Atchim... Eu odeio pelos! Eu odeio gatos!
Gato:
Você não sabe o que está perdendo!
Sapo:
E Dona Baratinha pensou alto de novo...
Dona
Braratinha: Vê lá se eu vou me casar com um gato de
botas!
Sapo:
Cá prá nós... Eu acho que essa baratinha é muito exigente! Mas cada bicho
esquisito! Só de ver, já dá para imaginar...
Piu... Piu... Piuuu... Madame! Madame! Au, Au, Au... Tucano artista de
cinema, Ratão convencido a conquistador e agora o Gato de Botas... Que dia
diferente! Sem perceber, ele acabou dormindo na janela sonhando com seu bicho
encantador...
Galo:
Cocoricó! Cocoriocó! Eu sou é mesmo é atleticamentemente um cavalheiro.
Sapo:
Esse é o Galo! Aquele engraçadinho que anda ciscando no quintal da UMEI. (Ele
dá uma baforada na mão e uma ajeitadinha na crista).
Dona
Baratinha: (Finge que ainda está dormindo e assusta com
aquela cantoria danada.)
Sapo: Com medo daquele bicho ciscador, ela se escondeu atrás do
cenário e disse.
Dona Baratinha: Ei, você aí, quem é você?
Galo:
Cocoricó! Cocoriocó! Eu sou é mesmo é atleticamentemente um cavalheiro. Eu fiz
muito barulho e acabei acordando você?
Dona
Baratinha: Seu galo atleticano! (Com raiva responde.)
Agora eu já acordei. Aqui já vou te falando não vai dar certo... Eu sou mesmo é
cruzeirense e pronto! Falei! E outra, eu adoro dormir até mais tarde, então
pode procurar outro poleiro para você ficar! Xô, xô, xô...
Sapo:
Ela toda animadinha volta a cantar...
Dona Baratinha: Quem quer se casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo
e dinheiro na caixinha?
Sapo:
No meio do pessoal olha o rei dos animais!
Leão:
Eu sou o rei da floresta! E você? Quer participar do meu reinado! (Risos)
Dona
Baratinha: (Ela fica animadinha.) Você podia mostrar
como você é... Nossa, eu rainha!
Leão:
Eu sou o REI, como REI, posso ter quantas esposas eu quiser!
Dona
Baratinha: Não, não, não, você, eu quero não, você é um folgadão! Vê lá ... eu e mais 10!!!!
Sapo:
E lá se vai o Leão. Todo bonitão! Desfilando! (Mostrando as garras e miando). E
Ratão todo arrumadinho vem de novo fazer um gracinha para querida Baratinha.
Ratão:
(Pensou novamente.) Agora é a minha vez!!!!
Recita uma musiquinha “se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu
manda ladrilhar com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante para o meu, para meu
amor passar...
Sapo:
Dona Baratinha ficou até apaixonadinha com o Ratão, mas quando viu a fila de
animais, esqueceu da musiquinha e quis conhecer todos aqueles animaizinhos que
vieram cortejá-la.
Sapo:
Veio o Coelho, fez gracinha e aquela perguntinha...
Coelho:
Quer se casar comigo?
Dona
Baratinha: Não!
Sapo:
O Elefante elegante!
Elefante:
Oi, eu sou o Elefante. Você quer se casar comigo?
Dona
Baratinha: Não!
Sapo:
O Tigre gatíssimo!
Tigre:
Ei, Baratinha, repita comigo: Tinha três tigres no meio do trigo! Ou então
repita comigo, tinham três tigres para três
pratos de trigo.
Dona
Baratinha: (Ela tenta, mas não consegue.) Não! Xô, xô,
xô...
Peru:
Glugluglu...
Dona
Baratinha: E você quem é?
Peru:
Eu sou o Peru! Quer se casar comigo?
Dona
Baratinha: Não! Peru não!
Sapo:
Dona Baratinha parecia meio estressadinha, então sua amiguinha abelhinha veio
logo trazendo um delicioso suco de laranja com mel...
Abelhinha: Baratinha, você quer uma suquinho de laranja com mel?
Dona Baratinha: Obrigada,
minha amiguinha Abelhinha!
Abelhinha:
Você quer se casar comigo?
Dona Baratinha: Não.
Sapo:
Ela já nem pensava direito e já respondia... cansada daquela multidão de
animais que apareceram em sua porta... E todos um a um iam fazendo sua
perguntinha.
Borboleta: Eu
sou a Borboleta mais linda desta escola. Quer se casar comigo?
Baratinha:
Não
Joaninha:
Eu sou a Joaninha mais fofa desta universidade toda! Quer se casar comigo?
Baratinha: Quer
se casar comigo? Quer se casar comigo? Não.
Pavão:
Eu sou o Pavão mais lindo do mundão!
Baratinha:
Você é lindo... Gostei das suas penas! Mas não quero você não! Xô, xô, xô...
Pavão:
É... Ela gostou das minhas penas, mas não gostou de mim.
Sapo:
Mais que bicharada!!!!!!!!!!!
Gambá:
Eu sou o Gambá! Quer se casar comigo?
Dona Baratinha:
Não.
Sapo:
Antes de sair que fummm... que fedo...Espera aí, seu Macaco... O Macaco, o
Papagaio,
o Calopsita que estavam cansados daquela fogosa Baratinha aprontaram
até...
(Começam a bagunça, pegam o boné de um menino, anda no meio da platéia... e
outros
entram na farra também.)
Dona Baratinha:
SILÊNCIO! Ei, vocês são muito levados!
Sapo: O
Macaco, o Papagaio, o Calopsita gritaram
em coro.
Macaco, Papagaio, Calopsita:
Quer se casar comigo?
Dona Baratinha:
ADINHINHA? (Bate o pezinho, chama as florzinhas em coro e grita.
Dona Baratinha:
NÃO!
Sapo: Dona
Baratinha vê a vassoura, corre atrás da bicharada, espanta a todos. Xô!!!
Todos
vocês!!!!! (Sozinha ela canta toda chorosa.)
Dona Baratinha:Quem
quer se casar com...
Sapo:
A todos, Dona Baratinha disse não, ela não aguentava barulho, bicho folgado,
piador, ciscador, bicho rei e bicho levado. Coitadinha da Dona Baratinha,
tantos bichos e ela só se lembrava de um... Será que é aquele bonitão?
Dona
Baratinha: Quem quer se casar com a Dona Baratinha, que
tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
Ratão:
Grrriiiiii! (Todo esperançoso no canto do palco com um buquê de flores.)
Ratão:
Eu quero! Eu quero!
Dona
Baratinha: Ah! Achei alguém! É tão bonitinho! Poeta!
Amoroso! Me deu uma maçã! Sim, eu aceito!
Ratão:
Ufa! Enfim, podemos nos casar!!!!!! (As flores e árvores enfeitam a noiva e
arrumam o noivo.)
Sapo:
Então, ela preparou a festa de casamento mais bonita. Convidou a todos os
animais. Comprou um lindo vestido, enfeites e mandou fazer uma deliciosa
feijoada. Essa era a parte da festa que
o Ratinho mais esperava... a comida. (Uma árvore prepara o feijão, finge que
está provando.)
Ratão:
Oh! Que cheiro maravilhoso de feijão, de feijoada, que
cozinha nesta panela!
Sapo:
Aquele cheiro deixava o Ratinho quase louco de fome. Ele
esperava, esperava, e nada de chegar a hora de comer. Já estava ficando verde
de fome! Quando o cozinheiro saiu um pouquinho de dentro da cozinha, o Ratinho
não aguentou. (Ele pensou.)
Ratão:
Vou dar só uma provadinha na beirada da panela, pegar só um pedacinho de carne
e um pouquinho de feijão e ninguém vai notar nada...
Sapo:
Que bobo! A panela de feijão quente era muito perigosa, e o Ratinho guloso não
devia ter subido lá. Eleeeeee quase caiuuuuuuuuu dentro da panela de feijão. A
Baratinha, mais que depressa, correu e pegou seu noivo e lascou aquele beijo em
seu rosto.
Dona
Baratinha: Que nada... vê lá se eu ia deixar essa
história terminar assim...
Ratão:
Ufa... quase... ainda bem nosso história não acaba daquele jeito... da panela
de feijão... Sapo: Nossa história é
muito melhor, acaba em festa!!!!
Todos
cantam: Quem quer se casar com a Dona Baratinha,
que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha? FIM
AGOS/2011
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